Era uma vez um caracol chamado Cogui. Cogui tinha nascido há pouco tempo por isso não tinha experiências da vida na floresta!
No dia em que saiu de casa dos pais sozinho pela primeira vez, estes estavam muito orgulhosos do seu protegido, e o Cogui, estava radiante por, finalmente, viver na responsabilidade de se sustentar! Estava ansioso por saber que perigos a floresta escondia! Estava ansioso para sentir o cheiro das ervas daninhas a crescer em sítios inesperados. Estava ansioso para passear por sítios desconhecidos e descobrir todos os seus segredos. Os seus pais tinham-lhe falado de tudo o que ele poderia encontrar na floresta , incluindo os perigos! Por isso, Cogui não tinha nada a temer!
Certo dia, enquanto dava o seu habitual passeio da manhã, pensou:
«Estou farto disto! É sempre a mesma rotina! Vou mudar a minha rota!»
Se assim pensou, assim fez! Em vez de ir até à Praça do Feto e voltar pela Rua do Papagaio Cantor, decidiu ir até à Avenida do Mocho e passar pela casa do seu amigo escaravelho, Thomas.
Então lá foi todo contente! Ao passar pela Avenida do Mocho, encontrou a D. Borboleta caída no chão!
- D. Borboleta! Está bem? Olhe só o que lhe foi acontecer!
- Aí menino Caracol. Você nem imagina. Os bandidos dos mosquitos bateram contra mim, eu caí, magoei-me numa asa, e eles fugiram! Ai quando eu os apanhar! – resmungou a D. Borboleta com o punho erguido.
- Acalme-se, não está em condições de se exaltar! Olhe só, eu hoje decidi mudar de rumo, e dou por mim a encontrá-la magoada, sozinha no chão! Isto, só o destino!
Com cuidado, o Cogui levantou a D. Borboleta e levou-a até o centro de cuidados florestais mais próximo. Por sorte, encontraram lá o Dr. Lagartino, que era amigo do Cogui, e iria cuidar, certamente muito bem, da pequena ferida de D.Borboleta.
Deixando, então, a D. Borboleta em boas mãos, o Cogui continuou o seu passeio. De repente, sentiu um ligeiro toque no dorso. De seguida sentiu outro, e outro, e outro, até que começou a sentir muitos ao mesmo tempo! Quando deu por si, estava debaixo de um chuvada repentina. O Cogui dirigiu-se, o mais rapidamente que pode , para o abrigo mais próximo.
- Ufa, quem diria que ia chover assim tão repentinamente! Parece que hoje, a vida não quer que eu dê o meu passei matinal! Mas, que é isto?
Cogui não fazia a menor ideia do local onde estava abrigado. Era uma espécie de chapéu-de-chuva esponjoso. Apalpou-o bem, para sentir a textura! Cheirou-o para ver se conseguia descobrir de que é que se tratava, mas não obteve sucesso. Na verdade, o que o Cogui estava a observar era um Cogumelo, mas, por estranho que pareça, Cogui não fazia a menor ideia do que é que aquilo era! Alguns metros à sua frente, avistou um outro cogumelo mais pequeno, e esperou que a chuva parasse para o poder observar também, de mais perto.
Algum tempo depois, a chuva abrandou, e o Cogui teve a possibilidade de apalpar e cheirar também a outra espécie de Cogumelo, para ter a certeza que eram coisas semelhantes! Ao fim de alguns segundo, lá estava o Cogui às voltas e a pensar que espécie de planta era aquilo e para que é que servia ! De repente, passa junto de Cogui o seu amigo grilo!
- Grilo, Grilo! – chamou Cogui – anda aqui se faz favor!
- Bom dia Cogui! Então, que problemas te atormentam?
- Alguma vez viste isto? – disse, apontando para o Cogumelo
- Já, é um Cogumelo, serve para os insectos se abrigarem da chuva! Não sabias disso? Oh, Cogui, não andas a ver televisão – dizendo isto, foi-se embora!
Cogui continuou a pensar:
«Se fosse só para a chuva, não teria esta textura esponjosa! Não, tem que ter outra ultilidade!»
As horas começam a pesar, então, o Cogui arranca o Cogumelo e leva-o consigo para sua casa. Lá, almoçou, descansou e pensou muito acerca do estranho objecto, e decidiu fazer um pequeno inquérito pela vizinhança. Começou pelo seu vizinho mais próximo: o Caracolito.
- Bom dia Caracolito, sabes o que é isto? – disse, apontando para o Cogumelo.
- Olá Cogui, claro que sei, é um trampolim! Basta ires para cima dele, saltas o mais alto que podes e depois escorregas!
- Parece divertido, e isso explica a sua textura esponjosa! O Grilo disse-me que era um abrigo para a chuva!
- O Grilo? Oh, o Grilo não sabe nada!
Cogui agora confundiu-se! Não sabia em qual deles acreditar. Então decidiu perguntar ao próximo vizinho. Este disse ao Cogui que o Cogumelo servia para comer. Mas preveniu-o que havia alguns cogumelos que eram venenosos, e podiam matá-lo. Portanto, o Cogui nem sequer tentou dar uma trinca no Cogumelo. Mas agora estava ainda mais confuso! Tinha três opções, e não sabia qual delas era a certa. Então continuou o seu inquérito. E as respostas eram as mais mirabolantes! Uns diziam que era uma peça de decoração! Outros diziam que era uma espécie de árvore, e ainda havia animais que diziam que era um sinal de trânsito!
Cogui achava que nunca ia encontrar a verdadeira resposta para a sua questão!
Cogui continuava assim, dia e noite, a pesquisar, a procurar, a elaborar respostas…
E foi assim que Cogui descobriu a sua paixão e o seu talento para a procura e a investigação! Graças a um cogumelo insignificante, o Cogui tornou-se um dos mais conceituados cientistas da “Era Animal”.
Ah, e o nosso pequeno caracol, Cogui, nunca chegou a saber o verdadeiro nome e para que é que o Cogumelo servia!
Susana Lage, nº 24, 7ºC