terça-feira, 5 de abril de 2011

O Acidente

Migue Vieito,nº18

Ariana Rodrigues nº4


Há muito, muito tempo, no tempo em que os animais falavam e que as galinhas tinham dentes, no meio do deserto, vivia um peixe verde no único oásis das redondezas. Este peixe sofria neste labirinto de solidão e sonhava um dia conhecer os grandes mares de que seu pai falava quando lhe contava histórias para adormecer. Sentia-se sozinho porque era o único peixe que tinha sobrevivido a uma peste negra.

Um dia, perto do oásis do peixe, caiu um avião que tinha ficado sem gasolina. O avião transportava aves de um zoo de França para um zoo de Austrália. Deste trágico acidente só sobreviveram o piloto e duas das aves, um pato amarelo muito raro e um pássaro azul também muito invulgar. Com muita sede os três sobreviventes caminharam, caminharam dias a fio e quando já lhes começavam a faltar as forças, avistaram o oásis e correram para ele, para se saciarem. De repente o pequeno peixe solitário salta da água e cumprimenta os estranhos. Há muito que não via viva alma por ali por isso o peixe sentiu muito espanto, mas também muita felicidade. Começou por dizer:

- Olá. Eu sou o peixe… Verde. Há muito que não vejo gente por aqui. Como é que vocês vieram cá parar?

- O nosso avião despenhou-se, todos os nossos amigos morreram, fomos os únicos que sobreviveram ao acidente. Também sobreviveu o piloto, aquele que está ali a tomar banho – disseram , em coro, o pato e o pássaro.

-Que ser tão estranho é aquele? Nunca vi daquilo na minha vida.

- É um ser humano, lá de onde nos viemos havia muitos, vinham ver-nos todos os dias e cuidavam de nós.

Para o peixe tudo aquilo era novidade. Nesse momento sentiu-se muito melhor. O coração palpitava de alegria, escorria sangue por dentro como fosse chuva abençoada. Queria muito ser amigo deles, finalmente poderia ter alguém com quem conversar.

-Vocês querem ser meus amigos? – Perguntou o peixe.

-Sim, porque não?

-Ainda bem, sinto-me sozinho há muitos anos …Desde aquela malfadada peste que não tenho ninguém com quem falar.

-Houve uma peste?

-Sim, todos os peixes morreram… só eu sobrevivi!

-Fogo, que má sorte!

-Mas finalmente vocês apareceram e já tenho alguém com quem conversar!

Os animais acabaram por ficar óptimos amigos. No Oásis, construíram uma casa com os ramos das escassas árvores e folhas da única palmeira ali existente. Todos os dias o piloto cozinhava para as duas aves enquanto que o peixe continuava a alimentar-se das ervas que existiam no fundos das águas límpidas do lago.

Tudo estava fantástico, mas de repente ouve-se o som de um avião a aproximar-se. Olham para o céu e, por cima deles, passa um Airlines que , ao vê-los a esbracejar, desesperadamente , lança uma escada para a qual, com muito espanto e alegria, o piloto sobe. Já no avião, o piloto fala com o comandante e pede-lhe que baixe uma gaiola e um aquário, e o foi o que aconteceu. O pássaro azul e o pato amarelo subiram na gaiola enquanto o peixe subiu no aquário. Voaram durante muito tempo. O peixe por um lado estava triste por deixar o sítio onde nascera, mas também se sentia feliz porque finalmente poderia conhecer outras terras. Ao chegar à Austrália, já no zoo, o peixe e as duas aves foram acolhidos com o maior carinho. O peixe teve algumas dificuldades em adaptar ao seu novo habitat, mas com o tempo tudo ficou bem.

O grupo de amigos acabou por ser condecorado por ter passado tantos dias no deserto e ter sobrevivido para contar esta história maravilhosa!

Tiago Torre, nº26, Ariana Rodrigues nº4, Migue Vieito,nº18, 7ºC